8/08
Há algum tempo atrás, havia pedido verba à Base para continuar com a missão que executava para o Comandante. Coma algum tempo entenda-se meses atrás, antes do fatídico "dia da infâmia". O advento da guerra mudou muita coisa - as verbas já haviam sido reduzidas devido à crise causada pelos gastos inexplicados do Imperador Rodas antes de sua deposição e com o atraso das notícias, eu começava a perder as esperanças. Havia chegado algumas informações e minhas fontes diziam que os resultados da seleção deveriam aparecer no Status Digital. Quando olhei o meu, não havia nada.
Eu sou um homem orgulhoso e isso não é algo que jamais tenha mantido escondido de quem quer que fosse. A ideia de que eu tinha falhado em conseguir convencer os Poderes de que minha missão era importante o suficiente e eu competente o bastante para cumpri-la, que esperança tinha de, um dia, me tornar um Comandante?
Porém, o mundo é cheio de mistérios e por diversas vezes as leis da narrativa parecem operar a meu favor. No mesmo dia, o Comandante me contatou - eu tinha sido selecionado para receber a verba da Base. Ou talvez seja melhor que eu dissesse "eu não tinha falhado". Na hora, isso me deixou satisfeito e, por que não dizer, feliz. Afinal de contas, isso significava que alguém acreditava que havia potencial no que eu estava fazendo.
O que, além disso, significava que eu havia conquistado um "prêmio congratulatório". Essa é uma tradição criada por mim mesmo para mim mesmo e colocada em ação por, bem, mim mesmo. Espólios de guerra, se quiserem colocar assim. A cada vez que vencia um embate notável, eu me dava o direito de conseguir um presente para mim mesmo - algo simples ou nem tanto, mas que servisse como um totem, um símbolo da vitória. Considere isso como um ritual. Devo dizer, eu sou um homem fascinado por simbolismo e, nesses negros dias de guerra, símbolos são necessários para manter a esperança de que um dia a tempestade passe e o mundo volte ao seu estado natural, como na história de Prospero e Miranda.
Entretanto, não posso dizer que outros problemas não tenham sido também tempestades em mim. Dias atrás, ou semanas talvez, a memória falha, terminei um projeto pessoal que trazia comigo desde antes do início da guerra. Dos projetos que levava então, era o último. Colocar o ponto final (em mais de um sentido, acreditem) nele era algo que esperava fazer já havia muito tempo. E, ainda assim, a euforia do dever cumprido e a alegria de um projeto concluído logo deram lugar ao vazio. "Silence like a cancer grow", de fato.
O desejo de começar algo novo existia, porém faltava o gatilho, o movimento inicial que desperta a reação e dá início à cadeia, disparando todos os sinais e se expandindo como uma explosão furiosa que tudo devora. O fogo que queria arder estava sufocado pela informe massa do silêncio. Eu era um soldado abandonado no campo de batalha, pronto para se arriscar, mas sem uma batalha que considerasse digna.
Quão tolo, de fato.
09/08
Me reencontrei com companheiros de batalha - alguns dos quais não via desde o início do tempo da destruição. Era a comemoração (atrasada) do aniversário de uma de nós. Cantamos, comemos e falamos, como fazíamos nos dias de bonança. E durante a comemoração, surgiu a fagulha.
Perdoem a teatralidade exagerada. É só que, bem, esse foi um bom dia.
Há algum tempo atrás, havia pedido verba à Base para continuar com a missão que executava para o Comandante. Coma algum tempo entenda-se meses atrás, antes do fatídico "dia da infâmia". O advento da guerra mudou muita coisa - as verbas já haviam sido reduzidas devido à crise causada pelos gastos inexplicados do Imperador Rodas antes de sua deposição e com o atraso das notícias, eu começava a perder as esperanças. Havia chegado algumas informações e minhas fontes diziam que os resultados da seleção deveriam aparecer no Status Digital. Quando olhei o meu, não havia nada.
Eu sou um homem orgulhoso e isso não é algo que jamais tenha mantido escondido de quem quer que fosse. A ideia de que eu tinha falhado em conseguir convencer os Poderes de que minha missão era importante o suficiente e eu competente o bastante para cumpri-la, que esperança tinha de, um dia, me tornar um Comandante?
Porém, o mundo é cheio de mistérios e por diversas vezes as leis da narrativa parecem operar a meu favor. No mesmo dia, o Comandante me contatou - eu tinha sido selecionado para receber a verba da Base. Ou talvez seja melhor que eu dissesse "eu não tinha falhado". Na hora, isso me deixou satisfeito e, por que não dizer, feliz. Afinal de contas, isso significava que alguém acreditava que havia potencial no que eu estava fazendo.
O que, além disso, significava que eu havia conquistado um "prêmio congratulatório". Essa é uma tradição criada por mim mesmo para mim mesmo e colocada em ação por, bem, mim mesmo. Espólios de guerra, se quiserem colocar assim. A cada vez que vencia um embate notável, eu me dava o direito de conseguir um presente para mim mesmo - algo simples ou nem tanto, mas que servisse como um totem, um símbolo da vitória. Considere isso como um ritual. Devo dizer, eu sou um homem fascinado por simbolismo e, nesses negros dias de guerra, símbolos são necessários para manter a esperança de que um dia a tempestade passe e o mundo volte ao seu estado natural, como na história de Prospero e Miranda.
Entretanto, não posso dizer que outros problemas não tenham sido também tempestades em mim. Dias atrás, ou semanas talvez, a memória falha, terminei um projeto pessoal que trazia comigo desde antes do início da guerra. Dos projetos que levava então, era o último. Colocar o ponto final (em mais de um sentido, acreditem) nele era algo que esperava fazer já havia muito tempo. E, ainda assim, a euforia do dever cumprido e a alegria de um projeto concluído logo deram lugar ao vazio. "Silence like a cancer grow", de fato.
O desejo de começar algo novo existia, porém faltava o gatilho, o movimento inicial que desperta a reação e dá início à cadeia, disparando todos os sinais e se expandindo como uma explosão furiosa que tudo devora. O fogo que queria arder estava sufocado pela informe massa do silêncio. Eu era um soldado abandonado no campo de batalha, pronto para se arriscar, mas sem uma batalha que considerasse digna.
Quão tolo, de fato.
09/08
Me reencontrei com companheiros de batalha - alguns dos quais não via desde o início do tempo da destruição. Era a comemoração (atrasada) do aniversário de uma de nós. Cantamos, comemos e falamos, como fazíamos nos dias de bonança. E durante a comemoração, surgiu a fagulha.
"Pássaros que roubam almas" "Cães que devoram homens" "Uma escritora que não consegue escrever" "um garoto atrás da irmã"
Onde tudo se conecta? Isso eu não sei, mas talvez possa descobrir. Tenho meu campo de batalha, agora que o fogo se espalhe.Perdoem a teatralidade exagerada. É só que, bem, esse foi um bom dia.
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